domingo, janeiro 31, 2010

E depois... houve um «38»...

Ultrapassado o «fiasco» da TIT 2009, em Fátima, o NKO rumou de novo até ao palco mais apetecido dos melhores «quatro-tempistas» de Portugal! O encontro que reúne mais de 120 pilotos de todo o país seria, este ano, na inóspita cidade (?) de Palmela. Não obstante a localização, o kartódromo de Palmela é um local de paragem obrigatória para os amantes da modalidade - gente simpática, boa frota, pista muito engraçada. Pena ser tão longe...
Apostados em fazer um bom resultado, 3 pilotos da nossa equipa do NKO (General, eu e Danny) viajaram ainda durante a tarde de 6ªf para poderem treinar. Munidos de uns potentes Dino 160 c.c., o reconhecimento da pista foi considerado frutuoso. Saíamos do kartódromo com a sensação, positiva, de que um bom dia de Sábado se aproximava.
Nesse mesmo Sábado, logo pela manhã - e depois de um belo pequeno-almoço em comunidade -, as situações caricatas começaram... Em claro contraponto com o que se viveu em Fátima (ambiente de absoluto profissionalismo), fomos brindados com uma espécie de «sessão de treinos matinal e exclusiva para aqueles que queriam conhecer a pista ou tirar o pó». Qual não é o nosso espanto quando vemos dezenas e dezenas de pilotos e karts na pista! Ainda antes do início da TIT, já havia treinos. Inusitado. E... lamentável (mesmo que tenha dado a oportunidade aos nossos 3 outros pilotos de treinar, não deixa de ser risível e quase ridículo aquilo a que se assistiu). Bom, com todos os atrasos provocados «por isto e por aquilo», terminado o treino livre de mais de uma hora (é verdade!), tiradas as medidas aos pilotos, dado o briefing pela organização, era chegada a hora tão esperada... Os motores começavam a roncar!
Uma nota de destaque para a beleza dos karts e para todo o seu aspecto impecável e imaculado. Lindos! Cerca de 30 meninos afinadinhos (ou não!) e prontos a serem devassados!
Em termos obrigatoriamente sintéticos (ficaríamos aqui algumas horas a debater as incidências de cada uma das provas realizadas pelos nossos pilotos), o NKO portou-se bem. Eis o comentário:
# Doktor Bullet - dizia o Mad Billy, pelas 9 horas da manhã, que o Bullet iria ser o nosso Joker...! Ehehe, mas que palpite tão certeiro! O nosso «mãos esticadas» viveu um dia de sonho; aliás, uma noite de sonho e um dia para não mais esquecer! Foi o primeiro a entrar em cena e esteve brilhante. Notem, brilhante. Conseguiu um excepcional 10º lugar na grelha de partida e realizaou uma prova notável. Condução exímia, flutuava na pista, segundo o que nos era dado a ver. Todos os seus movimentos pareciam naturais, tão naturais como a sede! IN THE ZONE. Deu esperança à malta que o via... Contudo, o Bullet foi o único dos pilotos do NKO a conseguir a qualificação directa para as meias finais...
# Seguiram-se o Mad e o Danny. Aziago. Mad faz vigésimo qualquer coisa e o Danny faz penúltimo, na grelha. O ambiente na comitiva escureceu... Era o início da saga do «38» - o número do kart do Mad. A corrida foi divertida, com o TT a encetar uma recuperação muito boa desde o meio da corrida até ao fim; já o Mad, não teve meios para lograr mais do que um honroso (porque árduo) penúltimo lugar final... O primeiro «38» do dia...
# A participação do Stone esteve, também ela, dentro desta linha; má qualificação e uma corrida nos limites de um kart que parecia não dar mais do que «aquilo». Muita luta e pouca uva... Era-nos evidente que o Bullet tinha estado num nível muito acima dos restantes. Restava saber a poção mágica!
# A minha entrada em pista deu-se nas condições habituais - por um lado, ciente de que não seria uma tarefa nada fácil portar-me de forma diferente dos meus antecessores, e, por outro, cheio de vontade de provar a mim mesmo que era capaz de o fazer. Contudo, as melhores expectativas quedaram-se logo pelos treinos. Sabia que tinha «falhado» e que a tarefa iria ser hercúlea. O penúltimo lugar não augurava nada de muito positivo... O sinal verde cai e eu faço um arranque mau. Chego à primeira curva em último e assisto a uma selvajaria que nem nos piores dias do NKO se viu! Dada a confusão, vejo-me entalado por todos os lados, e passo as 3 curvas seguintes a não fazer nada mais do que desviar-me das «bombas» que eram lançadas para um lado e para o outro! Andei a fazer «ganchetas» para não apanhar com nenhuma granada! Resultado: no segundo terço da primeira volta ainda sou último. Começa aí a minha verdadeira luta. Mein Kampf. No final da segunda volta já tinha passado 5 pilotos e ascendido à 22 posição. De então até ao final da prova (uma das provas mais maravilhosas que já fiz), foram 12 voltas no mesmo ritmo (elevadíssimo, naquilo que me dizia respeito) e sempre atrás do mesmo piloto! A distância era a mesma, volta após volta. Logro subir uma posição por despiste de outro piloto, e faço todas as voltas da manga a ver o pelotão do 3º ao 21º (eu) separado por poucas centenas de metros! Incrível. As distâncias eram tão curtas que eu sentia que podia tocar-lhes com as mãos... Sentia que pouco separava todos aqueles pilotos. Como no Mónaco, a diferença fazia-se nos treinos. Assim, o 21ª lugar final deixava-me em êxtase, por incrível que pudesse parecer...
# O último a entrar seria o nosso campeoníssimo, o General. Depois de mais uma qualificação recheada de dificuldades, a prova do General resume-se à dos anteriores 4 - difícil, dura, inglória. Era como trabalhar afincadamente ao longo de 14 voltas para não conseguirmos ser mais do que «quase últimos»! O ritmo era infernal, os pilotos não cometiam erros, e os karts eram «demasiado» equilibrados! (Se exceptuarmos um ou outro e... o «38»!)
Terminada esta primeira fase de mangas de qualificação, apenas o Bullet, conforme disse, tinha passagem directa para as meias-finais. Todos os outros iriam para as mangas de repescagem. Foi aí que os momentos mais marcantes tiveram lugar. Por partes:
# O TT faz uma prova tão momumental quanto o mosteiro da Batalha! Parte de 5º, chega a 3º, e acaba em 5º, depois de ter segurado de forma estóica um grupo de 6 ou 7 pilotos (dos melhores quatro-tempistas de Portugal!) atrás de si. Deu para saltarmos, gritarmos, insultarmos e rejubilarmos com a prova do Danny! Foi o mote perfeito.
# Pior sorte tiveram o Mad e o Stone, incrivelmente obrigados a competir nos mesmo karts que tinham pilotado nas mangas de qualificação, o que originou uma série de «protestos» formais do NKO. Era inadmissível, depois de tudo o que se tinha falado no briefing... O resultado estava à vista, desde logo. Duas provas inglórias para ambos e a exclusão das meias-finais. O «38» voltava a fazer das suas...
# A minha manga de repescagem foi a mesma do General. Aí, qualquer comentário é insuficiente. Foi, tão somente, etéreo! Uma corrida imaculada. 14 voltas antológicas. Em 10 dessas 14, vi o General a passar sempre no mesmo sítio quando eu acabava de sair de uma das curvas do circuito - e a não mais do que uns míseros 10 metros! O General foi 3º, na manga, a 1 décimo do segundo e a 4 décimos do primeiro, e eu fui 9º, a... somente 4 segundos do primeiro e a 3 segundos e seis décimos do General! Do 1º ao 9º (eu, que fechava aquele grupo que lutava pela qualificação) havia somente 4 segundos! Brutal. Mais brutal ainda quando soube, pela boca do TT, que se qualificavam os 10 primeiros e não os 6, como todos supúnhamos! Oh yeah! The day was perfect! Simplesmente a melhor sensação de sempre, num bólide!
Hellas, chegava a altura das meias-finais, e eis que a dureza volta. Todos fizemos provas estonteantes (o General é que renunciou logo no ínicio a «algo mais», com um piãozito...), nos limites das nossas capacidades, e eu que o diga. É difícil descrever, acreditem. Arranquei de último e consegui subir até 19º, num luta ao milímetro, ao milésimo, ao pêlo. Podem crer que tudo se decidiu em centímetros de pista. Foi uma prova colossal, em que cheguei a rodar em 17º durante mais de metade da corrida, a tentar ultrapassar o 16º. Perdi essa oportunidade numa decisão cautelosa, a dada altura, e acabei por cair 2 posições nas derradeiras 2 voltas, só para que se veja a competitividade daquelas corridas.
A última cena coube, justamente, ao Bullet, na 4ª meia-final do dia. Cheio de expectativas, e com fortes possibilidades de alcançar uma das finais, que kart sai ao nosso doktor?? Exactamente, o famigerado «38»! (Que tantas e tão boas histórias criou; pareciamos adolescentes a dizer mal de tudo e de todos!) Numa «exibição» monstruosa, mais uma, o Bullet foi caindo posição a posição, alcançando um excepcional 10º na sua manga, depois de ter saído de 5º. Era notoriamente impossível ter feito mais ou melhor. O kart assim não o permitia. Contudo, foi GRANDE! Um orgulho, o «pequeno grande genial» ;)
E assim terminava a nossa participação. Boa para uns, pior para outros. Aprendi imenso, senti-me verdadeiramente a crescer, em pista. Julgo que dei vários passos em frente, depois desta participação. Agora, cada um fará a sua própria análise.
Lacunas e imprecisões à parte, foi assim o nosso dia de Sábado passado. «Uma verdadeira moca!»
E regado com um belíssimo jantar.
A propósito, fomos 16º na Geral por Equipas!
Não fosse o «38»... quem sabe?

ADENDA (registada pelo TT Danny): o Bullet participou na 4ª meia-final com o kart nº15, qualificando-se para a Final B. Foi então aí que teve a «sorte» de pilotar o nº 38, num momento tão decisivo... Fica a ressalva ;)

15 reacções:

Quico disse...

look forward to hear...

Boss disse...

Boas,

A TIT....

É diferente de todas as outras provas amadoras, tem que ser encarada de maneira diferente, um treino com o Mike Tyson será o ideal :-)
A nata do kart amador está quase toda lá, todos querem ganhar nem que para isso tenham que ´´morder´´ a orelha ao adversário...
Eu na minha primeira TIT, vim de lá assuatado com todos aqueles puro sangue de combate. Consegui perder 6 posições numa só curva, abri um bocado a porta e BUM, fui passado por um comboio de 6 TGV's...
Depois, como sempre, há que ter sorte nas máquinas que vamos pilotar, o conhecimento da pista é fundamental e ter um bocado de sorte nas várias situações de corrida.
Mas eu adoro a TIT...é a andar entre os melhores que evoluimos...
Abraço

Alex

Guto disse...

Alex, não podias ter sido mais CERTEIRO!

Aquilo é dose de cavalo. Chegámos a comentar precisamente essa questão do "buraquinho" que se dá e da enxurrada que se apanha! É inacreditável. Um milímetro decide tudo; ninguém perdoa nada. É fantástico também por isso.
E o conhecimento das pistas é essencial; andar com os melhores nos seus poleiros é praticamente impossível.
Mas, como dizes, só assim evoluímos.

General disse...

Sem dúvida!
A TIT não dá para explicar, só experimentando... para quem está habituado a "corriditas", aquilo é um mundo à parte. Só visto!

De resto, e em relação à "nossa" TIT, o Guto já disso quase tudo... :)
Quanto ás minhas corridas, houve muita frustração e desilusão, embora tenha conseguido, pelo meio, fazer uma manga em condições... enfim, deu para sorrir um bocadinho.

Rejubilamos com as provas do Bullet, que grande campeão! Inspiradíssimo!
O TT também fez uma manga digna de registo, a tal da famosa "rolha"... demais!
O Guto esteve em boa forma, claramente a subir a fasquia... boa!
O Stone e o MAD foram os "cristos" do dia... roubadinhos!

No meio disto tudo, o dia foi excelente. Muita coboiada, e situações que ficam para a posteridade... eheheh. As famosíssimas expressões: "Andas para aí a fazer ganchetas!", "Os melhores 4 tempistas de Portugal...", "Tens algum problema no braço?", "Foi um 38...", "Por mim, acabava por aqui...", entre outras...
O final do dia, com o jantar incluído, foi imperdível! Que o diga o Vasconcelos, que também lá esteve... ;)

Para o ano quero repetir!

Boss disse...

Se quiserem ler alguns comentários sobre a TIT:
http://www.intertrofeus.com/forum/forum_posts.asp?TID=489&PN=1&TPN=1
e
http://www.grupokapa.com/

Abracios

PJ disse...

Começando pelo fim, faço notar que o João conseguiu aguentar a 4ª posição durante algumas voltas da final B, com uma condução absolutamente perfeita. Foi de facto a estrela do dia.

Quanto ao resto já foi tudo dito pelo Guto, Gonçalo e pela descrição perfeita da prova feita pelo Alex.

Foi um dia divertidíssimo, sempre com muito humor e excelente companhia. Curiosamente, eu que até sou gajo para ficar com uma telha diabólica quando as coisas não me correm bem, nem fiquei a matutar na minha prestação. Foi o que foi, muito má.

E sim, o final do dia foi de antologia. Qualquer situação ou expressão dava para rir.

Sem querer ser intriguista, até porque não tenho nada a ver com isso, isto para o ano não fica assim ;)

Abraço a todos e obrigado pela (excepcional) companhia.

nota: ainda me lembro do Guto a abrir a porta do hotel a um gato de 3 patas com um lenço de motoqueiro ao pescoço. Eram 2:30 da manhã. Surreal....

Guto disse...

Ó pá, e eu ainda me rio a bandeiras despregadas quando leio e recordo essas cenas!! :D:D

AHAHAH!

O gato do lenço de motoqueiro... genial! De facto, assim vale a pena ter estas experiências. Foi só galhofa, só bocas, só malandrice. Grande, enorme camaradagem!

PJ disse...

A questão de andarem sempre a morder os calcanhares é muito interessante. Lembro-me de ver o Gonçalo, na curva que antecede a recta da meta, quase a fazer uma ultrapassagem e no fim perde duas posições. Aqueles gajos são autênticas hienas, não perdoam.

Guto disse...

Eu estava do teu lado quando isso aconteceu. Referimos de imediato essa situação. É, de facto, incrível. As margens são mínimas. E a expressão «hienas» é perfeita!

General disse...

AHHHHHAHHHHHHAHHHHHHH!
Já chorei a rir... Não me lembrava do gato... ai valha-me deus! O gajo a querer entrar no hotel de madrugada, ao pé-coxinho (coitado) e de lenço ao pescoço... só visto!
Foram 2 dias MUITO "originais"... desde a chegada a Palmela com o GPS a dizer "chegada ao destino à esquerda" e um IMENSO deserto, passando pelo gato coxo com um lenço ao pescoço e acabando com os 15 eur do jantar... valeu, e MUITO!!!

Quico disse...

parabens a todos os participantes.
tenho a certeza que todos deram o máximo! (se não fosse o 38...)
só fico com inveja de não ter sido eu!! :)

Pedro Vasconcelos disse...

há que realçar o pormenor dos 12,5€!

Bullet disse...

Ó Quico, para o ano vamos nem que seja só para ver e apoiar como o Vasconcelos. Foi muito bom. Gostei bastante da pista, adaptei-me bem ao circuito, aos Karts e tive boas lutas em pista. Aquilo foi sempre de faca nos dentes. Era só tubarões em alto mar, por todos os lados. Um deslize e eramos passados por 2 ou 3! Tive pena de não ir à final A (falhei-a por 2 posições na 1/2 final) e na final B foi penoso com o Kart 38. Em pista senti que podia ficar nos 3 primeiros com outra máquina... Mas se me tinha saido o 38 logo na 1º eliminatória também tinha terminado por ali. Solidariedade Billy!
E o Hotel? Amendoins à borla... Que belo Ibis com piscina e tudo!!! Foi um fim-de-semana em grande!
Para o ano vai ser mais dificil... Aquele abraço a todos!

The Stone João Mendonça disse...

Guto....tens cá uma memória...era incapaz de conseguir descrever tão detalhadamente esta nossa participação!

Não querendo muito falar sobre prestações individuais...porque o retrato do Guto é mais do que fiel do original, conforme já nos habituou, aquilo que na minha opinião mais diferenciou esta TIT da anterior, na qual tive igualmente o previlégio de participar,foi a ausência dos chamados "bicos saltitantes"!

A correcção em pista desapareceu por completo e nunca me tinha acontecido ver uma espécie de "torpedo" a atropelar literalmente quem estava à sua frente na entrada de uma das curvas do circuito!...é dificl manter o sangue frio numa situação destas!

Esquecendo esse "pequeno pormenor" e o facto de ter tido a "infeliz felicidade" de ter de lutar com um mesmo cretino na qualificação e repescagem, foi mais um excelente fim-de-semana.

Os amendoins e o 3 patas no IBIS foram sem dúvida o ex-libris da parte extra-desportivo!...fizemos uma boa opção!

Guto disse...

Ahaha, ou seja, com amendoins e um «3 patas», a malta tá satisfeita!! :D:D