quinta-feira, novembro 04, 2010

Alguém viu o «8»?

Na iminência de ter de colocar os fatos de chuva, o pelotão do NKOK seguiu, alegre mas desfalcado, para o sinuoso e técnico circuito de Fafe. À hora da chegada, o sol brindava-nos com uma expectativa de céu limpo – os «aguadeiros» não tinham conseguido convencer a chuva a impor a sua presença. Afinados os derradeiros «chips» para o piso seco, feito o habitual sorteio da sorte e do azar – para alguns! –, tardou até que as «máquinas» entrassem em pista. Refiro-me aos pilotos, não aos karts, bem entendido.
Primeira secção de treinos e primeira surpresa do dia. O «especialista» de treinos feitos à socapa lá alcançou a primeira pole-position da curta e parca carreira – falamos de Guto «Fox», para os mais desatentos. Com os transponders a funcionar, ou não (fica a dúvida, legítima), as estatísticas, doravante, não mentirão! De resto, e nas primeiras filas, os suspeitos do costume, com o Boss em segundo – obrigado pelos «parabéns», Boss, ainda no alinhamento da grelha; mais informo que foi por esse digno gesto que te deixei passar, lá mais para o fim da primeira manga; achei que não valia a pena ganhar! –, Rasteirinho, Amazing, General, e o super convidado Edgar Moutinho.
Sinal vermelho, um homem a sair da frente dos assassinos com as mãos nos volantes, ainda o vermelho e tudo verde!
Tranquilidade. É tão bom quando se arranca, em Fafe, sem os apertos da direita e os toques da esquerda, quando se chega à primeira «gancheta» e não se sente o cheiro a fumo e a borracha queimada – pneu contra pneu, nada de pensar outras coisas –, quando essa terrível curva é feita sem dificuldade e a solidão se espraia diante de nós, qual companheira perfeita num momento idílico. Depois, toca a conduzir para a frente, que se faz tarde!
Dei o máximo. O meu máximo, não o máximo do kart nº 8. Esse, teria dado mais, como acabou por dar, na segunda manga, em outras mãos. Lá iremos. Antes disso, fui incapaz de segurar os apertos do Boss até ao final da manga. Demasiadas voltas... O Boss acossa-nos como um chacal esfaimado. Impõe a sua presença. É menos contundente do que o General, estuda-nos como o Moskito, mas é certeiro no ataque. E voilá, passei de primeiro para primeiro dos últimos, num ápice. Ou melhor, numa das curvas, na «gancheta» de esquerda, aquela que sobe, quem vai para… Não interessa, a meta ainda ia longe e o meu trabalho passava a ser outro – o de seguir a linha do Boss, como se estivesse a jogar GP3 (ainda sou desse tempo…) e o kart dele desenhasse, no asfalto, a trajectória imaginária, pintada de branco. Fi-lo. E segui-o. Senti o odor das nádegas do Boss. E foi só. Terminei com dois ou três pêlos de atraso, contudo, foram pêlos de atraso, não de vantagem, e o Boss voltava a vencer. Uma e outra vez, ele vence. Desafia as regras e as leis da probabilidade. Malditos matemáticos que se esqueceram de pensar mais aprofundadamente nas excepções às regras! Ou é tudo uma questão de sorte e de azar, nos sorteios.
Talvez.
Em terceiro lugar, numa prova descansada, ficou o Rasteirinho, um feliz regresso ao NKOK, depois de ter falhado a prova de Oiã. Em quarto, o convidado Moutinho, à frente do Stone e da dupla do costume, «Amazing/General». Foi daquelas provas em que não vi nada do que se passou. Ora olhei apenas para o asfalto, ora tive o maldito capacete berrante do Boss pela minha frente. Nem mesmo as pinguitas de chuva que caíram o conseguiram tirar da minha frente. Maldito!
Pausa para um merecido descanso, para o «xixizinho» do saudoso «Big Show Sic», voltar a calçar as luvas e o capacete, trocar de kart, ver o que nos saiu na rifa.
Ai a minha rifa…! O kart com o nº 9 na lapela do casaco saiu-me um verdadeiro atraso de vida…! Da pole-position rubricada na primeira manga, vi-me relegado para antepenúltimo, passando da melhor classificação da minha vida para a pior! Com uma clara deficiência de motor, que me levou a ser ultrapassado por seis ou sete pilotos, ainda durante os treinos, optei por trocar de «sorte». Ora, com dois karts à minha disposição, e por mero acaso de uma escolha que foi aleatória, fiquei com o nº 14. Estava lá o nº 7, igualmente. Volta da praxe e posição «de sofá» na grelha – conseguia ver 14 karts à minha frente – uma curiosa singularidade, com tantos «números 14»…
A segunda manga foi um passeio para o Rasteirinho. Domínio avassalador, depois da pole. Ainda assinou a melhor volta. Atrás dele, o nosso General, já longe, mas com uma prova excelente, sem hipótese de chegar ao comando e imperial no afastamento do terceiro classificado, Paulinho Amazing, com os dois a terminarem, pela enésima vez, em posições seguidas. A dois pêlos do Amazing, ficou o Boss, ligeiramente mais atrás do que é habitual. Um descanso também faz bem à saúde. Deve cansar andar sempre a ver a bandeirola de xadrez antes dos outros, arre! Depois do Boss, o Moskito, bzzz-bzzz, na sua toada de melga que não f**** nem sai de cima. Aquele «meiinho»! O resto, foram estórias. A minha, de terror. Máquina difícil de guiar – eu, claro. Lá consegui subir duas posições, ao longo das 16 voltas de puro sacrifício. Horrível.
Mais tarde, já em casa, banho tomado, a análise do dia de prova. Uma análise simples de fazer: passei do céu ao inferno num abrir e fechar de olhos. E tive um segundo céu ali tão próximo… quando percebi que o kart nº 7, que deixei abandonado na linha das boxes, quando fui trocar o «9» pelo «14», tinha sido o kart do Boss, na primeira manga…! O kart que serviu de ferramenta para que a minha primeira vitória do ano não tivesse chegado… Pois é, esse belíssimo kart ficou sem condutor… parado, e eu lá fui, divertido, para uma manga de vindimas e algum frio.
É que o «14» era tão fracote…
Misturando a parra com a uva, deu uma grande vitória para o Rasteirinho, num regresso em grande! Trigo limpo e o resto também. Quanto aos demais, mais um excelente resultado do Boss, imparável neste ano de 2010 (e no de 2009, aposto, e em 2011, 2012, 2013, é uma questão de lhe rever o contrato), e novo terceiro lugar para o General, que ganhou uma espécie de afeição pelo número! Nada mal, diria.
Quem me dera a mim!

18 reacções:

Boss disse...

De Fafe, não gostei da demora a pôr as máquinas a trabalhar, uma eternidade!
Parabéns ao Guto pela 1ª Pole... na corrida, sentiu a pressão de ser 1º e não querer cometer erros. O facto de não ter uma referência, em pista, à sua frente, fez com que não explorasse todo o potêncial da máquina e do piloto, com o tempo vais aprender a lidar com isso...eu estava na posição que gostar de estar, excepto quando sou primeirissimo, em segundo a controlar e estudar o adversário.
Na segunda corrida, a história já foi outra, tive que lutar, ou melhor tentar, primeiro com o General e depois com o Paulinho, tendo conseguido, uma unica vez, estar ao lado deles, sem conseguir passar... o resto foi ver o Renato a fazer uma corrida à Boss :-), o General a ganhar terreno volta a volta e tive que me contentar com o 4º lugar a 3 pelos do Amazing.
Venha baltar...
Abraço

Guto disse...

Precisamente. Andar em 1º ou em 2º (por hipótese) é bastante diferente (sim, dahhh, é mesmo!) ;) Sem referências, torna-se mais complexo ser-se rápido. E o que o Boss diz, sobre as "asneiras", também é verdade - procurei, sobretudo, não «azeitar». Para mal dos meus pecados... está lá o HOMEM! Está sempre lá, o homem... ;)

Boss disse...

De salutar as lutas que se adivinham pelo 2º e pelos lugares de acesso à TIT...pena é a frota já não estar nas melhores condições, mas com a chuva, que tenho pedido ao S. Pedro, as diferenças notam-se menos. Depois temos as 6 horas ''em casa''. Podiamos marcar um treino conjunto, entre os pilotos do NKOK que vão participar e logicamente todos os que queiram ''pilotar'' na Santuário dos Kart's Português.

Especialista em treinos à socapa disse...

Excelente ideia! I´m in.

General disse...

Já tinha pensado nisso... também alinho, claro.

Anónimo disse...

Excelente reportagem...parabéns.

Por mim podem marcar um treininho em Braga.....mas vamos treinar com que karts????? Hein....

abraço
Renato

Guto disse...

LOL, boa pergunta, Renato! Treinamos com... os corta-relvas! ;)

Moskito disse...

Para treinar com aqueles Karts é preferível irmoslá dar umas voltas a pé ao Kartódromo...

General disse...

Eheheh. Por isso nem tinha proposto o treino, embora tivesse pensado nisso...
Acho que é sempre útil, a perspectiva é diferente... já se fica com a "sensação" do circuito... EU VOU! ;)

P.S: Nem que seja de "malhadeira"...

Boss disse...

IHIHIHIHIHIHIH

Com as saudades de tenho do circuito de Braga, até vou de carrinho de rolamentos :-D

Vamos de corta-relvas e mai nada

Guto disse...

LOOOOOOOL, «carrinhos de rolamentos»!!! :P

Renato Barros disse...

O ideal era mesmo arranjar um 390cc.....arranjas Boss??

General disse...

Que saudades... :)

Boss disse...

ó senhor Kartbraga.com, eu arranjo tudo...:-)
Queres um kart 390cc, não queres mais nada?! :-P

Boss disse...

ó senhor Kartbraga.com, eu arranjo tudo...:-)
Queres um kart 390cc, não queres mais nada?! :-P

Boss disse...

General, tás com saudades de quem? Minhas?!lol

Guto - o homem que já fez uma pole! disse...

Ehehe, tem saudades de ser o campeão do NKOK :P:P:P:P

Vai ter de trabalhar no duro para recuperar o ambicionado ceptro!!

General disse...

Ehehehe...
Estou com saudades de te ver nos espelhos... e do "ceptro" já estou a ficar... grrrrrrrr!