domingo, outubro 17, 2010

Era suposto que nada tivesse sido assim, mas foi

Era suposto trazermos a taça. E também era suposto que as condições fossem iguais para todos – palavras do «Amazing» ao mecânico do Euro Indy!. Era suposto que o nosso kart aguentasse as 6 horas de resistência, à semelhança de muitos dos restantes. Era suposto que o jogo de pneus do «kart 11» fosse normal e, pelo menos, aceitável – vulgo, competitivo.
No entanto, nada disto aconteceu. E, sem retirar mérito a quem foi mais rápido do que nós (que foram muitos, diga-se), parte do que se expôs servirá para explicar um abominável 20º lugar final dos «NKOK», entre as 23 equipas que participaram. Mas, comecemos pelo início.
Décimo terceiro lugar à partida (nenhum dos membros da equipa tinha rodado uma volta que fosse no traçado da Batalha). Parados os karts, penalização para nós por excesso de velocidade no «pit-line», e consequente retrocesso para 16º. A tarde começava bem!
O que é certo é que começou mesmo bem. Após a partida, e nas primeiras 3 ou 4 voltas, o «kart 11», conduzido por Guto «Fox», era 11º, tão rápido quanto o grupo que seguida entre o 5º e o 10º lugares. Porém, depois de uma meia hora de treinos já com problemas ao nível dos pneus (foi o primeiro comentário que fizemos, quando vimos o kart que «nos foi sorteado»…), e a partir da volta 12/15, o kart deixou, pura e simplesmente, de ser competitivo, face aos restantes. Condicionando uma eficácia que é indispensável no belíssimo e técnico traçado da Batalha, o primeiro turno termina com um desonroso e decepcionante 15º lugar. E o pior estava para vir, dado que os tempos, de então em diante, não pararam de subi, na proporção inversa às melhoras frequentes de todas as equipas rivais. Entrou o nosso «Quick» Quico, seguido do «Moskito», ambos muito regulares no segundo 48, e o «Amazing» fechou a primeira ronda de turnos, raramente indo ao segundo 47, rubricando a sua melhor volta em 47,7. Saliento que as primeiras 16 equipas (exceptuando a nossa) rodavam entre o 47.0 e o 47.9, volta sim, volta sim senhor. E não seria tudo!
O segundo turno do «Fox» foi uma luta contra a dinâmica cada vez mais incipiente do incrível «kart 11». O chamado «sacrifício». Já bem instalado no segundo 48, indo, de vez em quando, ao horrível 49, e rodando em 47 por meras 2 ou 3 ocasiões, este seria o prelúdio da catástrofe. Quando o «Quick» entra em cena, nunca mais os tempos voltaram a descer do segundo 50… numa altura em que as restantes equipas se mantinham bem instaladas no 47. Apenas uma escassa meia dúzia delas rubricava voltas em 48, e esses eram os último classificados na tabela. Assim, era vê-los a passarem por nós pela direita, pela esquerda, nas travagens, às saídas, a verdadeira arte da desgraçada e da comiseração! Quando o «Moskito» sai do seu segundo turno, vem desconsolado. Acabava de fazer 30 minutos, como ele apelidou, de «suplício», rodando sempre acima do segundo 50! Isto quando, sensivelmente a meio da prova, a maior parte das equipas registava tempos em 48. Entra o «Amazing» em pista e eis que mais um golpe de teatro tem lugar: um dos pneus da frente fura…. Primeira troca de kart. O Paulinho regressa à pista com um kart ladeado por barras de metal e travões mecânicos! Dá umas voltas, regressa às boxes, onde o «kart 11» continua sem poder ser reutilizado, e nós vemo-nos forçados a voltar ao tormento. No final do seu turno, ainda antes de passar a rosca para o piloto seguinte, o «Amazing» tenta trocar para outro kart, mas vê-se ultrapassado por uma equipa que, provavelmente, teria pago mais do que a nossa inscrição, porque, de repente, a plaquinha do «11» é retirada do novo kart (onde já havia sido colocada) e uma outra equipa apodera-se deste. Perdidos de riso, limitamo-nos a olhar, impávidos. Quanto ao Guto «Fox», piloto que se seguia na corrente, o destino é o velhinho «11». Dá-se então início à epopeia das «3 rodas», expressão da autoria do «Moskito». O primeiro turno do regressado «kart 11» é realizado no segundo 49 e 50, com um kart desequilibrado e “subvirador”. O turno do «Quick» já é feito no segundo 51. O penúltimo turno, o do «Moskito», é o mais hilariante de todos, todo ele feito entre o segundo 51 e 53! À saída do kart… vinha lívido e a explodir fogo pelo olhos!
Contudo, havia uma explicação magnífica: o eixo esquerdo da direcção estava literalmente torcido, pelo que o «Moskito» tinha acabado de fazer cerca de 40 voltas em 3 rodas! Acreditem que valeu a pena a ida à Batalha para ver o nosso Luís a ser «engolido» por karts adversários, a cada curva, e aos “molhos”…! Como disse o Quico, no final, «eles vinham de todo o lado e em cada curva»!
Por fim, o Paulinho teve de esperar 10 minutos, nas boxes, até que o já familiar «11» ficasse, de novo, em condições de ser pilotado. Aí, foi vê-lo, numa altura em que os tempos tinham subido para o segundo 48, a aguentar o incontestável primeiro classificado e a não ser ultrapassado por ninguém! Um final de prova ainda assim emocionante.
E, entre as penalizações do «Amazing» – por défice de peso e excesso de velocidade nas boxes –, todas elas cumpridas pelo desgraçado do «Fox»!, o dia/noite saldou-se por muito pagode, riso, e alguma resignação. Nada que a camaradagem e a alegria não tivesse sanado, logo ali. As viagens foram tranquilas e divertidas.
No fundo, «valeu». Como vale sempre.

6 reacções:

Alex Senna disse...

Parece o guião de uma comédia à mistura com algumas cenas de puro terror....

Guto disse...

LOL, grande comentário!

Fala com o «Moskito»... a parte de maior terror foi para ele! :D

General disse...

LOL!!!!
Foi uma batalha ou uma chacina?!

1 soldado (quase) apeado disse...

…a fazer lembrar a chacina que D. Nuno Álvares Pereira impôs aos castelhanos na batalha de Aljubarrota!!
Só que desta vez, para além de nos faltar o General (ehehe), nós é que parecíamos os castelhanos a lutar contra um quadrado que era a roda da frente direita do “11”.
Tal como eles também nós não tivemos hipóteses…

Luís Aguiar disse...

Só vos digo que naqueles tortuosos ultimos 30 mn aprendi a fazer drift de kart... Nunca tal me tinha acontecido. Quem conhece a pista sabe que a seguir à recta da meta tem duas direitas que quase nem curvas são antes de se chegar a um gancho de esquerda. Posso dizer que fazia essas duas direitas a fundo mas com a direcção completamente trancada tendo de seguida que balancear kart para o conseguir colocar no gancho. Agora imaginem o resto da pista... nesse ultimo turno as rectas desapareceram... Foi pena, estou convencido que bastava um kart normal para andarmos nos 10 primeiros. Não gostei mesmo nada de não ter visto o sorteio e de ver karts com pneus novos à frente e outros com pneus completamente gastos. Basicamente o nosso kart foi competitivo durante os treinos e metade do primeiro turno do Guto, depois nunca mais. E a isto se resume a prova, o que vale foi que nos rimos à grande!

General disse...

Faz-me lembrar a TIT do ano passado... a "desgraça" total em pista e a "loucura" total fora de pista... INDESCRITÍVEL!